30 de maio de 2010
Acho que, durante todo esse tempo, não comentei bem o que eu e Jake somos. Na verdade, acho que ando evitando ao máximo de falar dele. Mas acho que ficar guardando tudo isso pra mim, não dá mais. Conhecemos-nos na escola. Duas crianças. Conhecemos-nos brigando já. Do nada, aquele pivete arrancou minha apostila da minha mão e saiu correndo, e eu sai correndo atrás dele gritando. Chamamos muita atenção na escola, já que todo mundo via dois pivetinhos correndo e uma louca gritando "Desgraçado, devolve minha apostila". Mas enfim, depois de um tempo ele acabou saindo do banheiro e me devolveu a apostila e falou "Oi sou o Jake e você, quem é?". A partir daí ficamos amigos. A partir da proximidade, minhas pernas começaram a tremer cada vez que eu via aquele menino com cabelos espetados. Meu coração palpitava dentro do meu peito. E eu não sabia que raio de sentimento era aquele.
Houve uma viagem, me lembro pouco, mas desse pouco me lembro de quanto ficamos juntos aquele dia, das brincadeiras e das risadas. Lembro-me da volta pra casa, num ônibus apagado e nós dividindo o mesmo banco. Lembro-me de uma conversa banal, e uma proximidade sem tamanho. Lembro-me de nossos rostos de aproximando lentamente, sentia a respiração dele batendo em meu rosto, sentia ele se aproximar de mim, mas tão próximos... Que o ônibus parou bem na hora H, as luzes se acenderam, e ai já era.
Lembro-me de conversas no MSN, e de uma vontade de ter ele pra mim. De beijar ele. De sentir ele. Lembro de uma feira de conhecimentos que fizemos juntos. Lembro das idiotices. Lembro de que, seu perfume me enfeitiçava, o cheiro dele impregnava o ambiente, e me deixava tonta. Eu tentava, de tudo mesmo, me aproximar mais, e fazê-lo perceber que eu poderia fazer ele feliz. Durante todos esses anos eu tentei AO MÁXIMO. Mas cada vez que eu tentava direta ou indiretamente, a gente brigava, e ele me bloqueava no msn, me ignorava pessoalmente. Vê-los todos os dias e ser desprezada, partia meu coração. E quando ele parava de fazer essas coisas, e voltava ao normal, eu voltava a sentir meu coração aquecido e minha tremedeira das pernas. Mas durava pouco, porque, ou ele voltava a me ignorar, ou para conversar sério, falando que gostava de outra, que eles estavam ficando. Ele não se importava comigo, era o que eu pensava.
Por um milagre divino, não sei, acabamos ficando... Foi o melhor momento de minha vida. Mas também as piores conseqüências. Briguei com algumas pessoas por causa dele. Afastei-me, perdi a confiança. Ele, pra variar, me tratou "mal", não se importou de quebrar meu coração mais uma vez. O que pisotear no que já está quebrado mesmo?
Pergunto-me, o por que disso tudo, sabe? Se nunca quis nada, por que, às vezes, alimentava uma esperança mínima? Por que ficou comigo?
E desde então, tento me manter afastada. Tentei ficar com outros, tentei um relacionamento, mas nada deu certo.
Como que a gente pode amar alguém que só faz mal? Que só nos deixa na pior, sem auto estima? Por que diabos, quanto mais queremos e precisamos esquecer alguém, mais lembramos e nos sentimos atraídos a ela?
- continua -