21 de maio de 2011

O diario de uma otaria - capítulo 8

22 de maio de 2010


Aquela tristeza maldita voltou. Agora, escrever aqui é como se fosse uma NECESSIDADE. Algo que eu realmente preciso fazer no meu dia. O engraçado foi que, até o Dr. Romeu elogiou o que eu escrevo, falou que eu faço parecer uma história de verdade, e que eu deveria investir nessa carreira e mais pra frente escrever um livro. Meus encontros com ele estão ficando cada vez mais espaçados, o que faz que ele tenha que ler umas páginas aleatórias. Me surpreendi quando ele pegou o diário, abriu e falou 'Uau! Você realmente gostou dessa ideia'. Mas a questão não é isso, não é só gostar, é colocar tudo pra fora. Enfim, ando meio sem vontade de fazer algo, e ouvi meus pais conversando sobre "Como a Julie anda depressiva". Não estou em depressão, mas ultimamente eu só quero ficar na minha. Acordo, tomo café, vou pra faculdade, volto, como, estudo, faço qualquer coisa e quando me deparo já finalzinho de tarde. Paro para fazer um balanço de quão produtivo meu dia foi, e chego a conclusão de sempre: nada produtivo. Essa coisa de nada mudar, e nada ser produtivo, realmente me deixa triste.
Bom, ando seriamente pensando em entrar numa academia, já que eu odeio meu corpo. Odeio o fato de ser gordinha e as pessoas me incriminarem por isso. Odeio o fato de ninguém me achar atraente. Então, resolvi ir atrás de uma; acho que isso vai fazer um pouco bem para mim. Mas também, morro de vergonha de ir à uma academia. Você sabe, sempre vai ter aquelas garotas que tem o corpo perfeito se achando e querendo te fazer inveja de quão perfeito o corpo delas são. Mas paro pra pensar... se fosse realmente perfeito, elas não estariam ali, certo? 
Perto da escola da minha irmã, há uma academia só pra mulheres. Vou lá qualquer dia. 
Ah, aquela escola... estudei lá também. Posso dizer que foram anos legais, mas tive uns bem... chatos, se essa é a palavra. Eu sinto falta das pessoas, que eram minhas amigas, das brincadeiras, das conversas, dos segredos. Sinto falta de sentar todo mundo na escada, depois da prova e olhar um com mais cara de desespero que o outro. Sinto falta daquele ambiente escolar, daquelas pessoas acolhedoras. Das loucuras e comentários insanos. Da ingenuidade. Sinto falta de quando eu ia chorar no banheiro, me esconder lá e alguém ia atrás de mim e me abraçar. Sinto falta do meu grupo de amigas. Aquelas que eu conheço há tanto tempo, que crescemos e compartilhamos tudo juntas. Costumávamos ser um grupo, costumávamos sair, costumávamos se importar uma com a outra... mas de uma hora pra outra isso se dissipou. Sumiu, está ficando longe, distante, como se nada mais importasse. Como se cada uma não passasse de uma estranha. Eu sinto tanta falta, tanta falta mesmo. Falta de combinar algo pra sair, só pra comer algo e se divertir com coisas mínimas. Falta de assistir filmes. Falta de quando só a presença já contava. Crescer é meio doloroso. Parece que a realidade dá um tapa em sua cara e você acaba caindo em si, e percebendo que no mundo você está sozinho com as pessoas indo cada vez mais em direção oposta de ti. Me sinto substituível e descartada facilmente.
Oras, era pra eu me sentir assim em relação às amizades ditas que eram pra sempre? Era pra gente passar de grandes amigas à meras conhecidas? Por quê ninguém mais se importa? Por quê não agrada mais?

Acho que essas são perguntas sem respostas.

- continua -

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