25 de abril de 2011

O diario de uma otaria - capítulo 4

Capítulo 4

10 de março de 2010

Não sei se sou a única, mas tenho uma caixinha aonde guardo algumas coisas que foram bem significativas no passado. Coisas boas. Mas, fazia um bom tempo que eu não mexia nela, depois de alguns acontecimentos, resolvi deixar ela pra lá, e passei a não guardar mais nada, como maneira de não me prender mais ao passado. E, mais cedo hoje, tentando limpar meu guarda roupa, acabei a encontrando, toda abandonada e empoeirada. Claro que abri. E parece que uma tormenta de lembranças veio ao meu encontro. Cartas, fotos, adesivos, datas, lembranças... mas na mesma hora me senti mal,e a fechei e devolvi em seu lugar. Ainda não me sentia a vontade de mexer nela.
Faz alguns dias que ando agindo como uma pessoa normal. Com uma rotina de vida normal. Até me sinto normal.. e bem. Não tenho mais aquela vontade de desaparecer do mundo, nem aquela vontade de não estar sóbria para encarar as coisas da vida. Eu sei faz só 6 dias que não chego perto de bebida e tal, mas por enquanto, minha vontade é de dar um rumo na minha vida. Em certos momentos, eu penso que cansei da minha rotina, de festas e bebidas e tudo isso, mas às vezes, a vontade de sair desse mundo é maior que a minha vontade de ajeitar minha própria vida. Engraçado isso. Bem que aquilo que minha mãe disse, faz até que sentido agora pra mim: sempre procurar uma saída mais fácil para encarar os problemas, mas essa saída só me trás mais problemas. Que paradoxal.
Um fato que também estou passando a perceber é que gostar de Jake dessa maneira e desde... Sempre está me fazendo mal. Acabei empacando minha vida, e não dando chances para outras pessoas entrarem.
Então, decidi que para isso acontecer, eu vou me dar uma chance de tentar. Aquele cara com quem fiquei na festa, me ligou (nem sabia que ele tinha meu número) e chamou pra irmos a algum lugar comer algo, de preferência sem musica alta. Seu nome, descobri hoje, é Daniel. Aceitei, e vamos nos ver hoje à noite. Espero que ele supere minhas expectativas...

*Flashback*
- Era exatamente disso que eu gostaria de conversar com você – Jake disse, me encarando sem expressão.
- Disso o quê? – Não conseguia entender. Aquela praça, sem movimento, aquele sol de inverno, aquele ventinho gelado me fazendo arrepiar e ele ali do meu lado, somente nós dois, não me fazia pensar direito.
- De você, de mim, de nós, se é que posso falar ‘nós’ – Ele falou, ainda me encarando sem uma expressão definida. Isso me irritava, levemente.
- Pois fale, então – eu disse, cansando de ficar em pé, e me sentando num banco próximo. Até imaginava o que estava por vir, e aquele maldito nó em minha garganta já ia se formando, mas me obriguei a não chorar ali, agora.
- Julie, eu gosto de você, do seu jeito, do jeito que encara o mundo, do jeito que vê as pessoas. Você acha que nunca me perguntei o porquê de ficar com você? Teve uma época que você me atraía muito, e eu achava isso errado, e acabei me afastando...
- idiota... – sussurei.
- o que?
- nada, continue...
- Eu realmente gostava DAQUELA Julie. Você mudou tanto e... – Ele se sentou ao meu lado.
- Claro! Todo mundo muda. Mas ainda continuo aquela Julie.
- Não, não continua. Você gosta de insistir no erro. Nesse erro. Nesse “NÓS” que não existe.
- Jake, o que você quer de mim? Por que me chamou pra conversar? Pra falar tudo que já sei? – Eu perguntei olhando no fundo de seus olhos. Ele não me respondeu. Silêncio. Levantei-me do banco e comecei a andar pra lá e pra cá, em sua frente, nervosa, tremendo. Ele se levantou, parou a minha frente e me segurou pelos ombros, me forçando a olhá-lo.
- Quieta. – e deu uma leve risada. – então...
Mais silêncio. Mais olhares. Juro que, se eu estivesse bêbada poderia dar uma desculpa pelo ato seguinte, mas nem isso eu estava, então foi pura insensatez mesmo...
- Jake, se eu fizer algo, você vai ficar bravo comigo?
- O que?
E sem pensar duas vezes, eu me aproximei dele, colando nossos lábios. Foi uma das melhores sensações da minha vida: não ouvia nada além de nossas respirações, não sentia nada, além de nossos corpos juntos, parecia que nada estava a nossa volta, que o mundo girava em torno de nós. Meu estômago sambava dentro de mim e eu não consigo descrever, mas o cheiro dele, a textura da sua pele e de seus lábios quentes, parecia que me sugavam para fora da realidade.
Fora meu primeiro beijo. Uma semana antes de eu fazer 15 anos.
*Flashback off*

- continua -

5 comentários:

  1. Comentei primeiro que a Denny ;D -nnn
    ok a Pri adora deixar a gente anciosa :§
    Adorei essa parte e me identifiquei mt com ela ... Quando ela fala que guardava as coisas do 'passado' em uma caixinha eu faço isso hihu* Na verdade eu fazia...até que coloquei um fim pra aquilo nao me prender mais #Desabafo
    To gostando muito e me identificando cada vez mais
    Boa Sorte com ela e o Daniel *-*

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  2. Woooooow *---* eu preciso de mais, muito mais, ja estou viciada... *-*

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. capitulo 5 tá ali em cima =)

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