23 de abril de 2011

O diario de uma otaria - capítulo 2

Dia 5 de fevereiro de 2010

Desde que saí do colegial, pensava que a minha vida ia dar uma revira-volta e que nada mais seria igual. Pensei que, encontraria pessoas perfeitas, num ambiente perfeito. Que eu seria uma pessoa nova e perfeita. Falsas idealizações. Na verdade, quando você deixa o ambiente colegial, você passa a perceber que o mundo continuará o mesmo. Que, aonde quer que você vá, irá encontrar pessoas que irão te machucar; irão te julgar por coisas como sua roupa, ou o jeito que você anda. Encontrará pessoas fúteis ainda, que se preocupam com o status, e se aquele cara tá olhando pra bunda e gostando – já que é a única forma que ela sabe como conquistar um cara, e por uma noite, somente. Não adianta idealizar, também, que depois do colegial, que um cara lindo irá bater na sua porta com um buquê de rosas e uma aliança na mão de pedindo em namoro. QUAL É PORRA! Você tem 18 anos ou mais e quer viver presa nesse sonho de menininha apaixonada?!
Eu tentava, com todas as minhas forças, me livrar do passado da minha vida escolar. Era uma da coisa que ainda machucava, por ter mexido muito comigo...
Esse negócio de diário funciona mesmo, por mais idiota que pareça, eu me sinto leve, ou um pouco mais. Enfim... Acho que para entender o presente, deveremos analisar o passado...

Era mais um dia de aula qualquer. Sempre na minha, com as minhas coisas, no meu canto, no meu devido lugar, sempre sentada à última carteira, para não chamar a atenção. Não provocava ninguém. Não conversava muito. Amigas? Tinha. Mas eram poucas e estavam em salas diferentes. Então, como a maior parte do tempo era na sala de aula e não no recreio, eu ficava sozinha. Eu tinha uns 13 anos, mais ou menos, prestes a completar 14. Do meu lado, sentada um garoto que era bem simpático comigo. Na frente dele sentava uma nojenta.
- Ora, ora... – disse Cristina, a nojenta – não é que a “gordinha com cara de nerd” está apaixonada?
Levantei minha cabeça, desviando minha atenção da lição, olhando-a com cara de interrogação.
- Jake. Da outra sala. O nerd. Isso não soa nada particular para você? – ela disse me olhando profundamente nos olhos. Estremeci... er, como assim ela sabia sobre ele?
- Não sei do que você está falando. Deixa-me em paz. – Falei voltando minha atenção para a tarefa. Eu sabia que essa história daria “pano para manga”.
Ela deu uma risadinha “maligna” e continuou me fitando. Mike, o simpático, ficava me olhando com uma expressão – que por um momento – pensei que transmitisse dó.
- Julie, a menina MAIS FEIA E GORDA da sala ama o Jake, o cara mais nerd que conhecemos. Até que vocês formam um lindo casal... Ops! Seria lindo se você não fosse tão feia. – Ela disse, e eu senti como se fosse um soco no estômago. Mike ficou me olhando com a boca aberta. Eu não podia chorar... Não devia. Engoli o nó dolorido em minha garganta umas 500 vezes.
Ao chegar a minha casa, depois do almoço corri para o meu quarto, fechando a porta. Fui ao espelho e fiquei me fitando. Lágrimas começaram a escorrer. “Ela está certa, como um cara poderá se interessar por mim, gorda, de aparelho nos dentes?”. Já que estava sozinha, não me importei de chorar. Doía tanto que nem chorar tava me fazendo bem. Por que as pessoas tinham que magoar outra para se sentirem bem, satisfeitas? Para sentir prazer? Para se sentirem superiores?
Mais tarde, quando entrei no MSN, havia uma mensagem offline do Jake para mim, falando que Cristina havia falado o mesmo para ele. No final ele deixou uma frase de uma música:
“You are beautiful, no matter what they say, words can't bring you down”


- continua -

Um comentário:

  1. ooooow eu adorei *-* Já quero outra parte não me deixe curiosa haha ,Beijos Pri ;*

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