Tic-tac. Tic-tac. Acordei assustada com um grito em meus ouvidos, e me ceguei com a luz do visor do celular. Abaixei o volume, xingando o Billie Joe (Green Day) por ter gritado numa música qualquer da banda. Coitado. Olhei para o relógio, depois que minha vista voltou ao normal, e este marcava 2h30min da manhã. Bufei passando a mão no meus cabelos que estavam bagunçados. Voltei a deitar na cama, para voltar ao meu magnífico sonho, em vão. Fechei meus olhos para tentar não pensar em nada, mas foi em vão também. Tic-tac. Tic-tac. Essa melodia do relógio é extremamente irritante quando você está querendo dormir e não consegue. Maldita insônia. Já que nessa luta eu estava perdendo, deixei minha cabeça vagar em pensamentos. E ela vagou; vagou para cada rosto conhecido, cada simples memória que eu tinha de cada um. O tempo passou. E a gente nem percebeu. Tudo parece estar sempre igual, mas não está. Por menor que seja a diferença, por pior que seja a vida rotineira, há sempre uma mudança. Tic- Tac. Respirei fundo. O tempo nos amadurece. O tempo cura a dor incurável, ou ameniza. O tempo ensina a viver, ensina a olhar o ocorrido com outro ponto de vista. “E se… e se eu tivesse lhe dito tudo aquele dia? Seria diferente?” E de repente, me vi em frente a mim mesma, só que com 14 anos. Sorri gentilmente para mim, e respondi “Não”. Estranha situação. Era como se eu estivesse em frente a um espelho rejuvenecedor. Eu sorria, eu era diferente. E depois vi do outro lado do espelho, meus familiares, meu amigos, vi você; todo mundo junto, rindo. E atrás de eu, com 18, vi os meus pais também, os mesmos amigos e também vi você, cada um com sua vida, com seu destino. Cada um com suas preocupações e problemas. Olhei para a minha mão, meu celular e meus fones estavam ainda nela. Senti meus olhos úmidos. Saudades. Confusão. Sentia que havia uma lacuna, que eu havia perdido algo. Talvez fosse meu coração que ficou perdido no meio do caminho; talvez fosse que esse tic-tac constante da vida não me fizesse perceber as mudanças. No instante seguinte, tudo estava caindo, girando. Senti um baque, minhas costas doeram. E lá estava eu de frente a uma nova imagem minha, agora sentada, numa varanda agora, com 60 e tantos anos, com um rosto triste e um álbum de fotografia nas mãos. Tentei correr, tentei gritar, não, o que estava acontecendo? O que estava acontecendo? Foi quando, levantei de súbito, sentando na cama. Respiração ofegante. Foi só um sonho, foi só um sonho… Definitivamente, depois de fazer 18 me deixou paranóica. São só 18. E nada mais…
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