9 de maio de 2011

O diario de uma otaria - capítulo 6

30 de abril de 2010

"E as noites parecem ser mais frias que de costume. Minha pele arrepiada, sentia aquele vento. Um vazio, não sei de onde vinha ou surgia, mas mesmo sendo vazio, causava uma dor. E eu não conseguia me entregar de alma e coração para aquilo que eu tentava. Eu precisava de algo em meu corpo. Precisava senti-lo aquecido, de algo que fazia meu sangue reaquecer. Mas tudo parecia pedra e gelo. Seco."

Meu "relacionamento" com Daniel, de verdade, não é um relacionamento. Pelo menos pra mim. Ok, me mantém a maior parte do tempo ocupada (quando não estou estudando) mas eu não consigo me entregar. É como se faltasse química. E mesmo tentando na física, não dá. O pior nem foi isso. Foi que, em um mês, - meu Deus, um mês! - ele já fez juras de amor eterno, com cartões, flores, presentes, chocolates... Meu Deus, onde eu estava com a cabeça de ter começado isso? Ah, sim, bêbada. Ele seria o homem do sonhos de qualquer mulher, ser paparicada, mimada, ter presentes e juras de amor... mas pra mim, juro, me dá náuseas. E vontade de fugir. Mas isso é com ele só. Só de olhar o cartão - brega - que ele me deu - nossos nomes escritos dentro de um coração, e embaixo, amor eterno - tenho vontade de sei lá, sair gritando "NÃO". Sem contar aquelas tentativas de poesias... "Rosas são vermelhas, violetas são azuis.. blá blá blá". BLÉ! Sai.
Enquanto isso, eu fico idealizando coisas, não de amor meloso, mas um amor companheiro, ao lado de Jake. Ficar abraçados, sem falar nada, somente sentindo a presença um do outros. Não quero presentes a toda hora, ou juras de amor, quero carinho, respeito, atenção. É pedir muito? Quer alguém que se ama do seu lado? Às vezes me sinto tão ridícula, de viver pressa nesse amor não correspondido que acabo chorando de raiva de mim mesma, que faço de tudo pra sair, ligo pra quem vier em primeiro a minha mente, chamo pra ir num lugar insano para nos embebedarmos... mas claro, quando estou pronta e saindo de casa... lembro que não posso. MAS EU QUERO TANTO, mas não posso. E vivo nessa batalha interna. Estou me controlando ao máximo pra não ter uma recaída, de não ter que parar numa clínica de reabilitação. Não quero isso pra mim... mas lembrar do gosto do álcool em minha boca, e dele descendo pelo meu esôfago e me aquecendo e me deixando mais solta, me atraía muito. DEMAIS. E eu realmente tinha uns surtos, e ficava andando pra lá e pra cá no meu quarto, até que meu celular tocava, e era a 46ª ligação que eu recusava de Daniel no dia. E viver nessa batalha me deixa tão exausta, que parece que não tenho forças pra mais nada. A minha vontade é de ficar deitada na cama sem fazer nada o dia todo, todos os dias. Porque eu levanto já sabendo como o dia vai terminar. Já sabendo que nada vai mudar. E que não tem porque ter esperanças.
Ok, 47ª ligação de Daniel. Vou atender, pra mim já deu.

- continua-

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