(Coloquem pra carregar Wherever you'll go - The Calling)
Quase quatro anos se passaram. Quase quatro anos sem sentir o cheiro de sua terra, de ver as pessoas costumeiras de Londres; de sentir o conforto de sua casinha. Como sentiu saudades de tudo. E depois de tanto tempo, estava fazendo o caminho de volta. Lembranças também estavam voltando, mas preferia não querer lembrar. Estava com a cabeça encostada no assento do avião, observando o lindo pôr-do-sol de Londres.
Mais alguns minutos e estaria em um táxi, de volta ao seu bairro, a sua casa, a sua cama. Os tempos da faculdade passaram tão rápido! Sentiria saudades também, mas não tanta como sentia de sua antiga vida.
O avião posou, levantou-se, pegou a mochila, e se dirigiu para a escada. Descia, degrau por degrau pensando nem nada. Quando chegou ao último degrau, uma vontade louca de gritar e chorar surgiu em seu peito, mas se conteve. Não iria passar por louca. Saiu do local de desembarque, foi para o aeroporto pegar suas malas, e ver se acharia algum táxi livre. Ela havia voltado pra casa uma semana antes do previsto, mas achou que seria legal fazer uma surpresa.
Depois de um tempo perdido, o céu começou a ficar nublado. A chuvosa Londres havia voltado a sua rotina.
Um táxi parou a sua frente, abriu a porta de trás, jogou as três malas lá dentro e se jogou com a mochila e tudo. Passou o endereço pro senhor, e logo estava pro caminho de sua casa.
O táxi passava por prédios e casas, ruas movimentadas, praças. Estava chegando perto de seu destino. Semáforo fechado. Olhou para o prédio que estava a sua esquerda, reconhecia aquele prédio. E a mais ou menos, oito quadras dali, havia uma praça, uma velha e conhecida praça.
Balançou a cabeça para que as lembranças fossem embora. Não era hora de reviver o passado, não agora, que havia voltado pra tentar uma nova vida.
Mais uns 5 minutos, e o carro parou em frente a uma grande casa de um tom verde bem claro, com um belo jardim na frente. Nada havia mudado. Tocou a campainha, sua mãe lhe recebeu com abraços e beijos. Seu pai estava feliz, sua irmã também. Sentiu-se com 17 anos de novo.
Depois de tudo mundo ter se cumprimentado, ela seguiu pelas escadas e entrou no seu quarto. Ao abrir a porta uma rajada de lembranças: os pôsteres, caindo, de suas bandas favoritas, as velhas fotos com seus amigos, e uma velha foto no centro de seu mural, com ele. Seu coração disparou. Ignorou. Jogou as malas num canto do quarto. Precisaria mudar algumas coisas, afinal estava com quase 21 anos. Dirigiu-se ao banheiro para tomar uma bucha e tirar o cheiro de avião que estava em seu corpo. Não reparou que em cima de sua mesinha havia uma carta, um pouco amarelada devido ao tempo, e uma letra masculina caprichosa desenhando seu nome.
Mais uma noite que seria igual a qualquer outra de um ano pra cá. Sairia com seus amigos de banda, ficariam bêbados e com certeza terminaria a noite com alguma garota que no dia seguinte, não se lembraria de seu nome. Estava se trocando, mas nada muito formal, uma calça jeans, uma camisa de manga longa, porém esta dobrada, e uma gravata. Cabelos à la Edward Cullen, e all star. Nada mal. Apesar de estar pronto para mais uma noite, se sentia estranho, estava com uma sensação de felicidade muito estranha. Deve ser por causa do local que iria, todo mundo comentava que o ambiente era bom para dar uma aliviada na tensão. E o que ele mais queria era isso. Mais uma noite. Depois que terminou o seu último relacionamento, tudo que queria agora eram essas noites. Pelo menos, as lembranças não o incomodavam mais. Não mais. Sua ex havia ajudado muito, mas uma parte dessas lembranças sempre fica tipo a cena de um avião decolando com destino ao Brasil. Balançou a cabeça, e se olhou mais uma vez no espelho. Seu celular vibrou, uma mensagem recebida de um amigo falando pra ele descer. Apagou as luzes, bateu e trancou a porta. Desceu as escadarias sorrindo, porém com uma pequena pontada de saudades.
Era cedo pra se deitar, apesar de estar cansada. Não queria dormir agora. Então, vestiu uma calça skinny e uma blusinha branca com all star pretos, e como estava um pouco frio, pegou um casaco e decidiu dar uma volta pela cidade. Queria olhar o movimento de Londres numa sexta a noite, iria a pé mesmo já que o centro da cidade não era longe de sua casa. Olhava cada detalhe enquanto andava. Via as pessoas sorrindo e alegres andando e isso era bom. De longe, ouvia uma música alta, já que o bairro estava quieto o suficiente. Logo o barulho foi se aproximando e ela pode ver da onde vinha o barulho: de um carro com três rapazes dentro, pode ver que estavam bebendo e sorrindo muito. A fisionomia deles não eram estranhas. Parou um pouco para observar, e viu um quarto rapaz saindo da escadaria do prédio em que o carro estava parado. Olhou demoradamente para o rosto do rapaz, o conhecia de algum lugar. Seu olhar foi retribuído e ele, na hora que viu, ficou de boca aberta.
- Vamos cara, entra logo, para de babar na gostosa do outro lado da rua - ela pode ouvir o rapaz que estava no volante falar, e claro que reconhecia aquela voz, era Danny. Quem mais poderia ser? Apesar de anos, sua voz continuava a mesma. Sacudiu, só podia estar delirando, coisa não impossível quando se tratava dela. Mas aí, sua mente pareceu perceber a luz. O cara do prédio, descendo e sorrindo aquele jeito, era ele. Só podia ser Ele. Tom foi entrando no carro, sem tirar os olhos da garota. Parecia tão perplexo quanto ela. Ouviu o carro arrancar e correr com aquele som alto se dispersando pela cidade. Mais uma vez, a ironia do destino. Devia ter m mente que quando voltasse, logo iria vê-lo, mas havia se esquecido desse detalhe. Porém o seu amigo, destino, sempre gostou de lhe mostrar detalhes esquecidos.
Tom não estava conseguindo se concentrar. Não estava interessado naquela noite, naquelas garotas. Definitivamente ele deveria ter ficado em seu apartamento e não ter saído essa noite, ter ficado assistindo qualquer coisa inútil na TV. Agora essa menina ficaria durante mais um século em sua mente. Porque isso? Estava tão bem sem ela durante esses anos que se passaram, sem notícias, sem ver aquele rosto, sem lembrar-se daquele sorriso. Porque sentir tudo isso de novo?
Ela andava meio desconcertada pelas ruas. Parecia que faltava terra debaixo de seus pés. Suas pernas tremiam, seu coração estava acelerado.
Olhava ao redor, pra ver se encontrava aquele rosto de novo. Os anos haviam passado e o tempo só o fazia ficar mais lindo, como poderia? Olhou para o céu, as nuvens carregadas estavam dando sinal de vida. Havia um lugar com umas árvores e um pequeno lugar coberto. Dirigiu-se pra lá antes que ficasse totalmente ensopada.
Saiu daquele ambiente. Não estava mais agüentado ficar lá. Os caras olharam pra ele como se já soubessem o motivo dessa sua partida. Não estava ligando pra chuva que caia sobre sua cabeça e seu corpo, molhando sua roupa e refrescando sua mente. Era disso que ele precisava. Porém a chuva apertou e ele seguiu para o puxadinho que tinha ali perto, havia uma pessoa lá, sentada no canto, abraçada as suas pernas, cabelos molhados grudados no rosto. Ela chorava.
Ela sentiu alguém sentar perto de si e por reflexo olhou pra ele; Não havia palavras para descrever o sentimento que surgiu em seu peito.
Olharam-se fixamente, como se tudo que queriam fosse dito por olhares. Não sabiam exatamente o que fazer, o que falar, apenas ficaram se olhando. Havia muita coisa não dita que precisava ser esclarecida, mas aquele não seria o momento. Tom chegou mais perto da menina. Ela estava estática. Ele observava cada traço de seu rosto como se fosse a última vez que o olharia. Ela não agüentava mais, e por impulso e por ouvir seu coração, chegou mais perto do garoto e o puxou para um beijo selando seus lábios com os dele.
Um beijo carregado de saudades, e acima de tudo paixão foi rompido por um momento. Ele encerrou o beijo pensando no que aquela garota estava fazendo com ele. E se ficasse mais um minuto, ele seria o idiota da história esperando por ela todo esse tempo. Era isso que ele queria?
Não estava entendendo a cara de confusão do garoto. E pela sua expressão ela agiu mal. Mas não agüentava mais. Agüentou durante quatro longos anos a saudade, mas agora ela estava perto novamente. Observou ele se levantando e indo para a chuva. Ele se afastava dela, de novo, como no seu sonho alguns anos atrás, ele se afastava como se ela fosse uma maldição, como se ela fosse um sacrifício. Na verdade, ele era pra ela, um sacrifício. Levantou-se e saiu correndo. Passou pelo garoto jurando que nunca mais olharia em sua cara. Ao chegar a sua casa, entrou em seu quarto e pegou aquela carta. “Você hoje parte e leva contigo o meu coração”. Terminou de ler aquela última frase, procurou qualquer coisa que pudesse se virar daquilo rapidamente. Pegou sua lixeira metálica e jogou o papel lá dentro, com um fósforo acesso. Por impulso foi até seu mural e tirou a foto do meio, a qual estava abraçada por um garoto loiro e sorridente. Observou a lixeira. Não a jogou lá, mas colocou num envelope com tal endereço e atrás da foto escreveu “e hoje eu volto e te entrego ele, não me procure mais”.
lindo *-*
ResponderExcluiraaai que parte liinda!
ResponderExcluira mais linda, mais perfeita *-*
os dois tão perto, mas tão longe também .___.
tá de parabéns, Amo vccc! s2
Ok, eu choro lendo as suas fics u_u'.
ResponderExcluirPrecisava deixar eles afastados, pô. #chorafozdoiguaçu
Fic linda, deveria ir pro ffobs também :D.
Beijo!