fanfic -q

A chuva caia violentamente sobre sua cabeça. Estava com frio, mas queria continuar ali, sentada. Estava sem forças para poder andar. Parecia que um pedaço de si tinha sido, esmagado e morto, e ele jazia ali, junto com a outra vida que tinha acabado. As lágrimas continuavam a cair, e isso era tudo. Tudo que ela poderia fazer.

Desde quando ele se foi, aquele dia era o qual ela se sentia melhor. Estava conseguindo voltar a sua rotina normal, porém ele ainda fazia muita falta. Sempre que ouvia o seu celular tocar, corria pensando que era ele que estava ligando, porém quando olhava no visor, sentia aquela dor ao ver que ele nunca mais a ligaria. Vestiu uma roupa confortável e seguiu para a faculdade. Já fazia duas semanas que ela havia se desligado da realidade e vivia no mundo de suas lembranças e pensamentos. Lembrava de cada traçado de seu rosto, de cada palavra de carinho e de amor. De cada toque em seu corpo.

Enquanto vivia nesse mundo, os amigos falavam que ela estava enlouquecendo e morrendo aos poucos. Não foram eles que tiveram uma parte de si morta.

Saiu do carro, e sentiu os olhares em si. Queria cavar um buraco e se esconder. Seguiu para a primeira aula. Respirou fundo antes de entrar na sala de aula. Sentiu que seus olhos estariam enchendo de água, aquele lugar sempre irá lhe trazer as lembranças de seu amor. Destino idiota.

Correu para o banheiro, abriu a torneira fechou os olhos lacrimosos e jogou água no seu rosto. Sentiu-a molhar sua blusa. Gostou da sensação do líquido frio, tocando sua pele quente. Abriu os olhos e lá estava ele, sorrindo e a olhando.

Não, definitivamente estava ficando louca, estava a um ponto onde estava começando a ter alucinações. Estava tremendo de medo e pálida. Olhou bem para o espelho, queria gritar. Virou-se para abrir a porta e sentiu uma mão fria em seu ombro.

- Sou eu – ele sussurrou em seu ouvido e a fez sentir os velhos arrepios, como se uma corrente elétrica estivesse correndo seu corpo. Sentiu tanta falta daquela voz.

Ela se desvencilhou da mão e pegou na maçaneta, abriu a porta e saiu correndo sem olhar para trás. Seguiu para o seu carro. Dirigiu em alta velocidade para sua casa, entrou no quarto e bateu a porta. Olhou bem para o espelho. Ela aparentava estar normal.

Virou-se para deitar na cama, mas lá estava ele, com aquele sorriso. Ficou parada.

- Estou aqui – ele sussurrou,

- Não pode ser – ela repetiu – HAHA, estou ficando louca, só pode.

- Quer dizer que isso é uma ilusão? – ele falou.

- Com toda certeza – ela concordou.

- Não é, estarei sempre aqui. Você pertence a mim e nem a morte pode nos separar. Aonde você for eu estarei com você.

Aquela voz. Dirigiu-se para ele, e o abraçou. Sentiu tanta sua falta. Naquele momento teve a certeza que ele era dela, mas do que nunca e pra sempre.