Maybe, we can change the fate (or not!)

Sozinha em casa, deitada na cama. O sol entrava sem vergonha pelo quarto e batia em seu rosto. O velho rádio repetia a mesma música havia mais de uma hora. All star vermelho tacado num canto do quarto, assim como seus livros e bolsa estava no chão. Sentia-se estranha e aquecida, apesar do frio que estava fazendo. Tentava não pensar em nada, mas seu cérebro não a obedecia, e pensamentos daquele sábado a tarde de dois anos atrás lhe voltavam à tona. Sorrisos, lembranças, carinhos e... palavras que poderia ser ditas e, que se feitas, o futuro poderia estar diferente... lembrou de do sorriso dele, do seu jeito tímido. Lembrava que ele queria falar algo, mas que por alguma razão ele se conteve.

*Flashback*
- Então né... - ele disse olhando para o chão da praça. Havia poucas pessoas naquele lugar, dois meninos, mais ou menos com 16 anos, e um casal de senhores sentados.
- É - ela observava ele.
- Eu acho que simplesmente não dá... - Ele.
- Não dá por que? Você já quis tentar? - Ela dizia inconformada.
- Não, mas eu sei que não vai dar certo. - Ele disse.
- Não sei como que você tem tanta certeza. - Ela rebateu.
- Ah meu... - ele ficou sem palavras.
- Se eu fizer uma coisa você vai ficar bravo comigo? - ela disse incerta.
- O que? - ele respondeu com uma cara de curiosidade misturada com vontade (?)
Ela, então, se aproximou do garoto colocou suas mãos nas costas dele e o puxou selando seus lábios. Tremia do pé à cabeça e seu único pensamento era de fazer daquele beijo o mais perfeito dela e dele. Esqueceu de tudo a sua volta, não havia mais som dos carros passando na rua, ou das pessoas que estavam na praça conversando, tudo havia parado. Sentia que o garoto, por mais que dizia não quer ficar com ela, se entregava cada vez mais ao beijo, sentia ainda, as mãos dele deslizando sobre suas costas e em resposta mexia carinhosamente nos cabelos dele...
*End flashback*

Dois anos depois, o que a teria feito lembrar daquilo tudo? Ah sim, uma cena, uma simples cena de um beijo. Ele com outra. Outra que estava no lugar que ela sempre desejou. Não sabia se desejava tanto agora, pois, quando viu a cena, não sentiu seu coração pesado ou então aquela vontade de sair chorando e correndo pela rua. Agradeceu de fato por não ter ficado mal, mas ainda se sentia 'estranha' e mil xingamentos e pragas vinham-lhe a cabeça para a outra que ele estava beijando. Do mesmo modo que chegou ao lugar, saiu rapidamente, antes que o casal percebesse a sua presença. Estranho sentimento se espalhava pelo corpo, algo meio que misturado com felicidade e superação. Sentia-se feliz e não sabia o porque disso! Em outros tempos, estaria em um mar de lágrimas, pesando que ela era sempre o problema de tudo, que era feia e gorda e por isso ele não gostava dela. Porém, ela sabia que isso era mentira, ela não era um tipo que pode se classificar de 'linda' mas era muito bonita, e o problema não era ela e sim o coração. O coração não escolhe a quem amar, mas você pode mudar esse sentimento, só basta saber esperar e aproveitar oportunidades. Suspirou e se virou de lado na cama, e sorriu. Eram lembranças boas que não seriam nunca esquecidas. Levantou da cama e seguiu para a rua com o mp3 no ouvido. Cantava McFly e andava feliz, e pronta para novas oportunidades, novos amores.

"Eu admiro que me faz voltar a ver a vida como eu sempre quis. Minhas verdades ninguém vai mudar, nem apagar o que foi feito aqui. Hoje sou o que restou da dor, da minha dor. Não posso me esconder, mas que a verdade seja dita agora. Eu mudei por você, mas não quis sofrer por ser tão real pra mim. Vou, aprendo a viver e num segundo perder o medo de ser quem eu sou."