Resenha: A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão, Aimee Bender

O que você acharia se cada vez que comesse um alimento, sentisse o sentimento que ele carrega dentro dele? Sentir raiva, tristeza, amor, paixão, traições, o sabor das fábricas. É tudo isso que acontece com Rose cada vez que ela coloca um alimento na boca: uma explosão de sentimentos. Mas não é só sentimentos que ela consegue decifrar, mas também consegue rastrear a origem de seus ingredientes, por exemplo, ela consegue dizer em que Estado e em que época os vegetais fora colhidos, ou de onde vem a carne que ela está degustando.

Classificação: ★★★

Mas, ela não carrega isso desde sempre: começou quando ela estava com 8 anos, e sua mãe havia feito um bolo de limão e chocolate para seu aniversário. Ao colocar o primeiro pedaço na boca, ela sente uma raiva, uma tristeza que não é dela, que amarram sua boca, e ela é obrigada a não continuar comendo. Desde então, Rose começa seu drama com a comida.

Se o drama fosse só da comida, tudo estaria bem. A história se desvia quando a autora quer retratar sobre sua família que, apesar de estarem juntos, sempre tentam disfarçar seus problemas. Sua mãe parece que após seu casamento, se desiludiu com seu pai, e apesar de amá-lo, ele não é aquilo que ela queria para sua vida. Rose nunca teve um contato grande com seu pai; ele chega do trabalho ao mesmo horário sempre, mas logo depois do jantar, volta a trabalhar em seu quarto e não gosta de ser perturbado. Já seu irmão Joseph, um gênio da física, que sonha em ir para a Universidade de Caltech, junto com seu melhor amigo George, o único que ele aceita ter maiores contatos de amizade. Já George, ele é a paixão de Rose desde sempre. Ele tem um importante papel em sua vida e é ele quem a ajuda quando ela descobre seu problema com a comida.

O livro segue em um ritmo ameno, até meio monótono. Rose tem uma personalidade marcante e você acompanha seu crescimento e amadurecimento. Ao final, quando ela tem 22 anos, você verá os pontos citados de uma maneira, que quando ela tinha 8 ou 9, não compreendia. Só teve uma parte em que fiquei bem confusa e acho que a autora "viajou legal", desviou muito do foco do livro e acabou avacalhando quando proferiu a Joseph, um talento tão bizarro quando você possa imaginar. Foi neste ponto que o livro perdeu a sua credibilidade comigo. Comecei lendo sem esperar muito, já que o assunto abordado é delicado e interessante, e se não tratado de maneira "correta", não alcança o efeito esperado: que o leitor goste, se delicie e, acima de tudo, entenda a história. No começo, até que a autora começou bem, mas depois se perdeu totalmente na narrativa. Ao meu ver, era um livro que poderia falar muito, mas que nada disse. 

Ao todo, não achei ruim a história e adorei o personagem George, mas acredito que faltou o foco necessário à história ao abordar o tema, e não ficar cheia de desvios com problemas familiares e um talento bizarro do irmão da protagonista. Pra quem ficou curioso sobre o tema, vale a pena ler.