Olha ela lá, andando de lá pra cá. A vida corrida, cansativa. Ela espera o ônibus impaciente - meu Deus que atraso, que demora - ela odeia depender isso. O dia estava quente, nublado e úmido. O suor escorria. Ela ria? Era pra deixar a vida mais doce, mais leve, mais... o que mais? Tinha a vida que muita gente gostaria de ter. Família, namorado, faculdade, amizades... mas algo parecia perdido, algo parecia faltar. Ou algo foi perdido e ela só se deu conta disso agora? Mas, no fundo apesar das reclamações constantes - Como eu odeio ônibus lotado! - ela gostava mesmo era de observar as pessoas. A vida, o jeito, um paralelo diferente. A correria, as caras e bocas. Tudo naquele vai e vem. Tudo naquela correria. Tudo indo ao seu destino. E qual seria o seu destino? Algo sambava dentro de si. O que ela estava pensando minutos atrás mesmo? Ah.. sim.. a falta. Lembrou-se de um verso de Caio Fernando Abreu:
"E sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. Aí, sim, todos te virarão as costas e te acharão mau por não quereres entrar na ciranda deles, compreendes?"
Compreendia? Não. Acreditava que isso iria melhor? Não. Mas assim como as outras pessoas dentro de um ônibus sacolejante, ela só queria seguir seu destino, chutando algumas pedras no caminho, abrindo espaço por outros, tropeçando, caindo, sorrindo, chorando, cantando, se machucando, perdendo e ganhando, tudo isso, seguindo o que quer. E o que queria? Ah... nem ela sabia. Mas sabia que precisava querer algo, pra vida continuar. Porque a vida é assim, a gente sempre querendo mais...
NOOOOSSA!
ResponderExcluirJá falaram que você escreve super bem?
Amei esse texto e, francamente, me identifiquei com a garota! :)
AMEI meeesmo! *-*
Beijos