17 de dezembro 2010
Luke. Era isso que a minha cabeça pensava dia e noite. Aquele cara que eu conheci via twitter e que passava metade do meu dia - ou o dia todo? - conversando com ele. A cada coisas simples, era uma descoberta reconfortante para a minha pessoa, para a minha alma. Era como se cada pedaço quebrado fosse sido colado, costurado. Como se a dor fosse sendo amenizada. Eu não estava bem. Ele não estava bem. Ele me ouvia - e muito - me ajudava como podia. E no final do dia que eu tinha acordado mal, eu me sentia bem. Era acordada de madrugada por uma mensagem de boa noite. E assim a nossas vidas foram seguindo, como se fosse um destino traçado? Em meio de tantos followers, você conhecer um que é da sua cidade. Passar a ser amiga, ele ser a razão por você ficar horas online. Até as coisas mais banais, eu precisava contar para ele. E assim foi sendo. Eu me sentia sozinha, como se a qualquer momento eu fosse desabar do penhasco que eu havia conseguido subir com esforço, e, chegando ao topo, eu escorreguei, me machuquei eu comecei a cair. Mas, parece que uma mão surgiu. Ou duas. Para me segurar e me fazer sentir que eu ficaria por cima lá, ainda. É triste quando você precisa de alguém, e olha para atrás e não vê ninguém. É triste, é frio, vazio. Você se abraça tentando conter o frio, e se reaquecer, mas... você está com medo e sozinha. Então, desiste de olhar pra trás e segue a vida de cabeça baixa, abraçada a si mesma. Você se sente invisível, como se não fosse real para ninguém. É estranho... todo mundo parece desaparecer quando você mais precisa de alguém. E, acho que por essa razão, eu acabei me apoiando toda nele. Me apoiava porque precisava de um ombro para chorar sobre Rodrigo, precisava de um ouvido para me ouvir reclamar, contar aquelas piadas sem graças, para me ouvir brincar. Precisava de um par de lábios para conseguir fazer alguém feliz. Eu queria fazer alguém feliz. Queria me sentir útil para alguma coisa, qualquer coisa. Procurava ouvir ele sempre, e de vez ou outra, tentava animá-lo. Acreditar que tudo daria certo. Eu precisava acreditar nisso também, e afirmando para Luke, acho que ficava mais fácil de acreditar que um dia as coisas melhorariam. Que era mais uma noite fria de pesadelos, onde tudo parecia estar numa bagunça.
Posso ter me afastado de terceiros, mas não foi porque eu quis. Na verdade, terceiros se afastaram de mim, e eu não fiz nada para reverter essa situação. Eu sentia falta mas não sentia vontade de mudar isso. Eu me preocupava demais com o bem-estar de todos e... quando mais eu precisa de companhia, todos viraram as costas, então, pra que mudar essa situação? Que tipo de amizade é essa, na qual você perdoa, ajuda e quando precisa, olha pro lado e está sozinha? Ou praticamente sozinha? Por essas razões, ficar ao lado de Luke era reconfortante, mesmo que virtualmente, ele prometeu nunca sumir. Eu rezava todos os dias para que, quando eu saísse na rua, eu esbarrasse com ele acidentalmente. Eu queria abraçá-lo. Sentia uma coisa estranha quando ele não estava online... Até o momento, depois um certo tempo, ele afirmou estar afim de mim, que precisava, pelo menos, ficar comigo uma vez. Precisava me sentir e saber que eu era real. Eu tentava não acreditar em falsas promessas, afinal, eu não conhecia ele. Mas algo me fazia acreditar, e algo também me fazia ter a curiosidade de saber como seria. Nesse momento, imaginei suas duas mãos segurando meu rosto e ele olhando em meus olhos, sorrindo. Algo estranho. Uma vontade estranha. Um desconforto. Eu precisava senti-lo. Eu precisava beijá-lo. E num ato sem pensar, prometi que logo me veria... e esse logo, mal sabia ele que seria daqui uns poucos dias, num ato impulsivo da minha pessoa.
- continua -